quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Palco de desastre; conheça o "finado" Sarriá


Zico e Gentile no Sarriá, na Copa de 1982 Foto: Gertty Images Comentar0 Para os brasileiros, o Estádio de Sarrià é o palco de um dos maiores desastre da história, a derrota para a Itália por 3 a 2 no dia 5 de junho de 1982. Porém, o campo, localizado no distrito mais rico de Barcelona, e implodido em 1997, guarda outras histórias marcantes durante os 64 anos em que foi a casa do Espanyol, primo pobre da cidade catalã. O estádio, inaugurado em 18 de fevereiro de 1923, foi palco do primeiro gol da Liga Espanhola de futebol, marcado por Pitus Prat contra o Real Unión em 1929, e da decisão da Copa da Espanha Livre, torneio realizado em plena Guerra Civil Espanhola por equipes catalãs e valencianas, cuja existência não foi oficializada pelo então governo franquista. Para os torcedores do Espanyol, a maior lembrança é a goleada por 6 a 0 contra o Barcelona em 1951, maior vitória da história do dérbi barcelonista. Na Copa de 1982, o estádio recebeu apenas os jogos do grupo C da segunda fase, entre Brasil, Itália e Argentina. O Brasil, que vinha de uma série invicta de 24 jogos, estreou no Sarrià com uma vitória de 3 a 1 sobre a rival Argentina, em uma partida histórica que ficou marcada pela expulsão de Diego Maradona. Entretanto, esse jogo foi esquecido pelo que veio a seguir. Favorito para conquistar o tetracampeonato, o Brasil perdeu para a Itália por 3 a 2 e deu adeus a Copa do Mundo. Os italianos, que ainda se ressentiam de um escândalo de arranjo de resultados dois anos antes - sendo um dos punidos justamente o carrasco Paolo Rossi -, acabaram conqusitando o tri mundial. Mais do que isso, a partida ficou marcada para muitos como "a morte do futebol arte". A "La Bombonera" azul e branca, como também era conhecido o Estádio do Sarrià, chegou a receber 44 mil pessoas após algumas ampliações. Em 1988, o Espanyol fez valer o mando de campo e derrotou o Bayer Leverkusen na primeira partida da final da Copa da Uefa. Porém, o time alemão reverteu a vantagem no jogo volta e venceu na disputa de pênaltis. A sua última partida no estádio aconteceu no dia 21 de junho de 1997. Por conta de problemas financeiros, que sempre rondaram o Espanyol e a sua casa - durante a fundação, o clube teve que organizar um giro de amistosos pela América do Sul para arrecadar dinheiro para completar uma das arquibancadas -, o estádio teve de ser demolido. A implosão se deu no dia 20 de setembro de 1997, após três meses de peregrinação dos torcedores "periquitos", como são conhecidos os torcedores do clube. Assim, o Espanyol ficou 12 anos sem uma casa própria, já que desde então atuou no Estádio Olímpico de Montjuic, patrimônio do Governo de Barcelona reformado para as Olimpíadas de 1992. A saudade de casa acabou em 2009, com a inauguração do Estádio Cornellà El-Prat, que custou 65 milhões de euros, tem capacidade para 40.500 pessoas e está localizado nos arredores de Barcelona. Cerca de 10 quilômetros dali está a Avenida Sarrià, que hoje abriga com conjunto de prédios e lojas. Em um parque, uma pequena placa marca a única lembrança física do antigo estádio que entrou na história do futebol mundial.