sábado, 9 de março de 2013

Sangue no esperma assusta


Um dos sintomas que mais assusta o homem é o aparecimento de sangue no esperma. O nome médico é hemospermia e o sêmen pode aparecer vermelho ou com cores mais escuras, até marrom. A grande maioria dos pacientes procura o médico rapidamente porque fica muito preocupada, pois a presença de sangue é logo associada a doenças muito graves. Entretanto a maior parte dos quadros não está relacionada a tumores ou patologias que necessitam de operações. A principal causa de hemospermia é a presença de hipertensão ou pressão alta. Um antigo professor meu explicava que da mesma maneira que pode ocorrer um sangramento no nariz em uma pessoa hipertensa também pode acontecer na próstata ou nas vesículas seminais, que é onde se origina o sangue que sai no esperma. A diferença é que no sangramento nasal, o sangue sai constantemente; na hemospermia, fica acumulado, só saindo quando o homem ejacula. A segunda causa em importância é a presença de infecções na próstata e vesículas seminais, as prostato-vesiculites, que normalmente não são doenças sexualmente transmissíveis e que são causadas por bactérias que vivem no intestino. As vesículas seminais são estruturas que, junto com a sua vizinha próstata, produzem a maior parte do líquido espermático. Algumas vezes, a hemospermia acontece porque o homem está tomando anticoagulantes ou anti-adesivos plaquetários, as populares drogas para “afinar o sangue”, utilizados em alguns pacientes que tiveram infarto do coração ou outros quadros vasculares. Nesses pacientes pode ocorrer um rompimento de um vaso sanguíneo no momento da ejaculação. Em muitos casos, o paciente não é hipertenso, não tem infecção alguma e não está tomando medicamentos; nesses casos temos a hemospermia idiopática, um nome bonito utilizado para as doenças onde não conhecemos as causas. Muitas vezes existem pequeno cálculos na próstata e nas vesículas seminais desses pacientes e muitos acham que essa pode ser a causa do sangramento. Em um homem com hemospermia, além de avaliar se tem ou não pressão alta, costumo solicitar exame de urina e do esperma, para verificar se há presença de bactérias. Embora a presença de tumores seja extremamente rara, normalmente, solicito um exame de ultra-sonografia para avaliar a próstata e vesículas seminais. Caso o paciente apresente hipertensão, deve ser orientado para tratá-la adequadamente, visto que o descontrole da pressão é um dos principais fatores de risco para ocorrer um acidente vascular, um infarto do coração ou um derrame cerebral. Sempre digo ao paciente que ele deve agradecer para que o vaso que sangrou dessa vez foi em área não vital e que deve procurar tratá-la o mais rápido e eficientemente possível. Quando existe uma prostato-vesiculite o tratamento é feito com antibióticos. A maior parte desses medicamentos, por causa da característica do órgão, tem dificuldade em penetrar na próstata, assim devem ser tomados por um período mais prolongado que o habitual para outras infecções, em geral, de três a quatro semanas. Como a maioria dos casos idiopáticos apresenta uma evolução rápida, com o desaparecimento do sangramento depois de algumas ejaculações. Fonte: Diário de São Paulo - São Paulo Por Sidney Glima